Celebramos este mês 11 anos de Career Redesign. Há 11 anos, tomei uma das decisões mais importantes da minha vida. Naquele momento, não tinha todas as respostas, não sabia exatamente como seria o futuro, mas tinha uma certeza absoluta: o caminho que percorria já não fazia sentido.
Quando fundei o Career Redesign, fi-lo com a intenção profunda de alinhar a minha vida profissional com a vida que queria viver. Comecei por mim, mas rapidamente percebi que não estava sozinha. Havia centenas – hoje, milhares – de profissionais a sentir o mesmo: insatisfação, frustração, um desejo latente de mudança, mas sem saber como concretizá-la sem perder a segurança.
Hoje, após acompanhar mais de 800 profissionais no processo de redesenho de carreira, sei que existem padrões claros entre aqueles que conseguem mudar e criar uma carreira alinhada e sustentável e aqueles que continuam presos ao medo e à inércia.
E é sobre isso que lhe quero falar hoje: o que percebi ao longo dos últimos 11 anos que ajuda os profissionais a saírem do piloto automático e a encontrarem um rumo profissional mais gratificante.
1. Mudar de carreira não é só mudar de emprego.
Uma das maiores crenças que já vi impedir profissionais de avançar é a ideia de que “mudar de carreira” significa trocar necessariamente de emprego ou até “começar do zero” como muitos dizem. Durante anos, vi pessoas a hesitarem porque achavam que a mudança envolvia uma decisão radical, quando na realidade, redesenhar a carreira é um processo contínuo, feito de pequenos ajustes estratégicos.
Os profissionais que conseguem criar uma carreira sustentável não fazem mudanças impulsivas. Eles constroem um plano estruturado, baseado no que faz sentido para eles, nas oportunidades do mercado e no equilíbrio entre segurança e propósito.
2. É crucial parar para olhar para si primeiro, antes de procurar respostas fora de si.
Um erro comum entre quem deseja mudar de carreira é começar pela solução antes de entender o problema. Muitos querem encontrar um novo emprego rapidamente, mas sem antes pararem para perceber o que realmente os move, quais são os seus valores e o que não pode faltar na sua vida profissional.
Os profissionais que fizeram transições bem-sucedidas começaram por se conhecer melhor. E isso não significa apenas perceber no que são bons, mas sim compreender o que lhes dá energia, o que valorizam e quais os critérios essenciais para que se sintam realizados. Este é sempre o primeiro passo quando trabalho com os meus clientes.
3. A segurança não está no seu trabalho, está na sua estratégia.
Muitos dos profissionais que acompanhei ao longo destes anos ficaram presos durante demasiado tempo a uma carreira que não lhes fazia sentido por medo de perder estabilidade.
Mas a verdade é esta: a segurança profissional não vem de um contrato ou de uma empresa, mas da capacidade de gerir a própria carreira com estratégia, ou seja, de uma proposta de valor necessária.
Os profissionais que criam carreiras sustentáveis não confiam a sua estabilidade a uma entidade externa, pois eles desenvolvem literacia de carreira: sabem identificar oportunidades e criar alternativas, gerem a sua marca profissional e mantêm o poder de decisão sobre o seu futuro.
E isto não significa fazer networking forçado ou passar a vida à procura de novas oportunidades, mas sim estar no controlo da sua trajetória profissional, em vez de estar refém do mercado de trabalho.
Por isso, é que com os meus clientes, reforço tanto a importância de sair do piloto automático, de compreender as dinâmicas do mercado e ganhar autonomia na gestão da sua carreira.
4. O mindset certo faz toda a diferença.
Nestes 11 anos, vi profissionais com currículos impressionantes ficarem bloqueados pela insegurança, pelo medo da rejeição, pela dúvida constante sobre as suas próprias competências.
E vi outros, com percursos menos lineares, conseguirem mudanças extraordinárias porque trabalhavam a forma como viam as suas possibilidades.
O que distingue os que avançam não é apenas talento ou experiência, mas sim a forma como lidam com os desafios e incertezas. São profissionais que desenvolvem um mindset de crescimento, que aprendem a gerir os medos de forma objetiva, que desafiam crenças limitadoras e constroem uma nova narrativa sobre si próprios.
Esse trabalho emocional e mental é uma parte essencial do sucesso, por isso também é algo que trabalho sempre com os meus clientes.
5. É muito mais difícil se fizer este percurso sozinho.
Ao longo destes anos, percebi que o processo de mudança é muito mais poderoso quando é feito com suporte e num ambiente de crescimento.
Os profissionais que fizeram mudanças de carreira com sucesso não tentaram fazer tudo sozinhos, pois rodearam-se das pessoas certas, procuraram orientação e fizeram parte de uma comunidade que os impulsionava.
É exatamente por isso que a Mentoria de Grupo é tão poderosa. Além de trabalharmos os pilares essenciais para uma mudança de carreira bem-sucedida, existe um grupo de pessoas a viver o mesmo processo, a partilhar desafios e conquistas, a criar um ambiente de motivação e evolução contínua.
11 anos depois, o que ficou claro?
- Que nunca é tarde para mudar. Muitos dos profissionais que acompanhei já estavam há 15, 20 ou até 30 anos numa carreira e mesmo assim conseguiram criar algo novo ou diferente.
- Que ninguém precisa de fazer isto sozinho. Ter acompanhamento, seja numa mentoria ou num processo individual, faz TODA a diferença.
- Que não basta mudar de emprego, pois é preciso mudar o mindset e a estratégia para que essa mudança traga resultados reais.
- Que a carreira é uma construção contínua. O mundo do trabalho muda, as nossas prioridades mudam, e precisamos de nos adaptar.
O que vem a seguir?
Estes 11 anos foram uma jornada de crescimento, transformação e impacto. E se há algo que aprendi é que ninguém precisa de ficar preso a uma carreira que não faz sentido.


