Atendendo à fase que estamos a viver escolhemos o tema ‘Mudar de carreira durante a pandemia’ para o lançamento das ‘Career Conversations’. Um espaço de conversa, no qual são partilhados conhecimentos, histórias e muita inspiração que são da máxima relevância quando a aspiração é a realização profissional.

Os tópicos que explorámos no decorrer da conversa passaram pelas aprendizagens retiradas na fase da pandemia, quem procura e porque procura a mudança nesta fase, como se vive um processo de mudança de carreira e o que é chave para o conseguirmos.

Apresentamos-lhe neste artigo uma breve síntese do que foi partilhado, em cada um dos tópicos abordados, podendo assistir à versão integral da Career Conversation aqui:

Aprendizagens retiradas na fase da pandemia

Quando em Março a pandemia nos obrigou ao confinamento, pensámos que as pessoas fossem tomadas pelo medo e colocassem de lado as suas intenções de repensar, redesenhar ou mesmo mudar de carreira. Quando sentimos medo, tornamo-nos tendencialmente mais conservadores nas abordagens. Somos mais cautelosos. E portanto, nós no Career Redesign® também nos questionámos se o nosso apoio continuaria a ter espaço na perspectiva das pessoas, numa altura de incerteza sem precedentes na nossa história. Contudo fomos surpreendidos. A resposta foi contundente. As pessoas que tinham até ali levado vidas absorvidas em rotinas e distraídas com as várias solicitações, tiveram a oportunidade de abrandar. Parar, em muitos casos. E com isso, acabaram por encontrar na quarentena uma oportunidade para reformular o seu regresso à ‘normalidade’ e identificar o estilo de vida que queriam conquistar daí em diante.  Para muita gente, a perspectiva de voltar para o que era a sua situação “habitual” tornou-se angustiante e com isso instalou-se um sentido de urgência para a mudança. Os pedidos de ajuda dispararam.

Até esse momento, os processos de Career Redesign® eram individuais. Sendo impossível continuar a assegurar essa resposta e acolhendo e respeitando o sentido de urgência crescente criámos o processo em grupo completamente on-line. Chamámos-lhe o Acelerador Career Redesign®.

Mudança de carreira: do que se trata afinal?

A mudança de carreira, no seu verdadeiro sentido, significa mudança no foco, no conteúdo e na natureza do trabalho que a pessoa realiza. Dito de outra forma, a pessoa que ‘era uma coisa, passa a ser outra coisa’. Falamos, por exemplo, de um advogado que passa a ser investidor, um consultor que se torna coach, alguém que trabalha para outros e se torna empresário, um professor que se torna escritor.

É diferente da mudança de emprego. Na mudança de emprego, continua-se a fazer o mesmo que se estava a fazer mas, agora numa morada diferente.

São também mudanças de carreira, o assumir funções novas dentro de uma mesma empresa. Por exemplo, trabalhar na área de Recursos Humanos e assumir uma função em Marketing com conteúdo de trabalho e formas de trabalho distintos.

A mudança de carreira é uma grande tendência e ganha ímpeto em momentos de crise. Hermínia IBarra é investigadora e professora da London Bussiness School e estuda o tema há 20 anos. Uma das grandes constatações do seu trabalho é precisamente essa: qualquer alteração ou choque no ambiente pode ser condutor de reflexão sobre o que se quer e como o vai abordar.

Quem procura e porque procura a mudança de carreira?

As pessoas que procuram uma mudança são aquelas que se sentem há algum tempo, e de forma sistemática, insatisfeitas com o seu trabalho/relação profissional. Convém referir que geralmente não têm consciência de que querem uma mudança de carreira. Não iniciam estes processos a dizer “eu sou advogado mas quero é ser coach. Quero mudar de carreira”. Sabem apenas que não querem continuar a viver em angústia. Mas não têm claro o que querem fazer dali em diante. E quando o nível de dor se torna incómodo, percebem que tem de fazer algo de diferente.

A procura de mudança de carreira tem sido impulsionada por 4 grandes tendências:

  • A longevidade crescente – vivemos e trabalhamos por mais tempo e por isso queremos ter uma boa relação com o trabalho.
  • A evolução tecnológica – permite fazer mais coisas com menos esforço e como tal rejeitamos executar trabalho monótono e repetitivo.
  • As novas formas de trabalho – basta referir o impacto do COVID na gestão de equipas e na transição rápida para teletrabalho que implicou mudar as práticas habituais.
  • As expectativas sociais – queremos disfrutar, ter propósito, significado no que fazemos profissionalmente.

Ou seja, o contexto que temos à nossa volta, e a nossa própria evolução social a ar do progresso tecnológico estão a fazer-nos questionar paradigmas. Por que temos de fazer toda a vida aquilo que estivemos a estudar quando tínhamos 20 anos? Por que razão temos de estar no escritório todos os dias, ou trabalhar longas horas sacrificando a nossa vida pessoal e familiar a fazer algo com o qual já não nos identificamos? Haverá outro caminho possível?

Como é que se vive uma mudança de carreira?

Numa fase inicial vive-se uma sensação de libertação por se iniciar esse caminho. Mas o processo também é algo assustador, porque se sente muita confusão. O percurso é cheio de altos e baixos, momentos de insight e de entusiasmo, mas também de desilusão e questionamento: ‘será que estou louco e que estou a fazer a coisa certa?’

Convém referir que praticamente todas as pessoas que acompanhamos sentem, nalgum momento, o desafio de gerir a reação da família a este acto de coragem. Nem sempre há apoio e compreensão e isso poderá ter impacto no ritmo e nas decisões que cada um toma.

É preciso percorrer um caminho e criar um estado adequado à mudança. Sair do medo, angústia e turbulência para um estado de aceitação da nossa história, de esperança e de coragem. Só nesse estado vamos conseguir perceber o que poderá fazer sentido e que vá ao encontro das nossas necessidades e aspirações. E aí sim, conseguiremos mobilizar os nossos recursos.

O que é chave assegurar num processo de mudança de carreira?

Dos estudos existentes, entre os quais destaco os estudos de Herminia Ibarra e de Lynda Gratton, e da nossa experiência, o que alavanca as mudanças de carreira são:

  • O autoconhecimento e a sua tradução em critérios de avaliação perante novos cenários. Exemplos: preferimos trabalhar em equipa ou a solo?, valorizamos espaço à espontaneidade ou preferimos estrutura?, precisamos de planear ou gostamos de improvisar?
  • Identificar várias possibilidades em vez de ter um plano suportado numa única hipótese. Isso pode levar a novo beco sem saída. Ter opções é libertador.
  • Só passando pela experiência há aprendizagem e validação pelo próprio. Por vezes, acreditamos que vamos apreciar e ao passar pela experiência percebemos imediatamente que não.
  • Alterar o nosso networking. Não são as pessoas com quem temos convivido até agora que nos ajudarão a conseguir coisas diferentes. Precisamos de nos rodear de pessoas que estejam ou já estiveram no mesmo tipo de processo e de pessoas que já conseguiram na sua vida, algo que nós gostaríamos de alcançar.

Activar estas 4 alavancas a solo não é fácil. Daí termos criado o Acelerador Career Redesign® em que as pessoas, integradas num pequeno grupo, potenciam o seu autoconhecimento, o transformam em critérios, identificam possibilidades e passam à experimentação. Trocam contactos. Sempre com o nosso apoio.

Este momento é adequado para mudança de carreira?

Sem dúvida. A mudança é um processo longo, iterativo e experiencial, não tenhamos ilusões.  Por isso este pode ser um bom momento, até porque há funções e profissões que fruto desta nova normalidade ‘estão a prazo’.

Registe-se aqui para assistir às Career Conversations

Salientamos que disponibilizados recursos adicionais para trabalhar e reflectir sobre a situação profissional, a quem se registe e assista em directo às sessões das Career Conversations.