Escolhemos o tema ‘Fases da mudança no caminho da realização, das quais não se fala!’ para a segunda sessão das ‘Career Conversations’. Um espaço de conversa, no qual são partilhados conhecimentos, histórias e muita inspiração que são da máxima relevância quando a aspiração é a realização profissional.
No decorrer da conversa partilhámos a nossa experiência enquanto profissionais que acompanham a mudança dos nossos clientes. Abordámos o tema de duas perspectivas complementares:
- A perspectiva daqueles que rodeiam as pessoas que mudam. Do que se apercebem ao longo do processo.
- A vivência do percurso pelo próprio e as várias fases pelas quais passa.
Apresentamos-lhe neste artigo uma breve síntese do que foi partilhado, podendo assistir à versão integral da Career Conversation aqui:
Quem está de fora, o que observa, do que se apercebe?
Geralmente a pessoa insatisfeita queixa-se e comenta com amigos e família, de forma recorrente e até culpabilizadora, o que se está a passar na sua vida profissional. Quando denota que entrou em espiral e se sente aprisionada por isso, reconhece que precisa de ajuda. Muitas dessas pessoas pedem apoio.
A partir daí, quem está de fora observa tipicamente uma de duas coisas:
- A desistência. Há pessoas que não estavam preparadas. Não era o momento. O medo surge bloqueia e paralisa.
- A transformação. As pessoas ficam diferentes, actuam e conquistam coisas novas.
Neste último caso, quem observa nota diferenças: a pessoa está mais segura, serena, em paz. Deixa de se queixar. Dá passos. Até que um dia algo tangível acontece, como mudar de função dentro da empresa, sair da actual empresa, mudar de emprego, a concretização de um curso, a criação de um projecto, etc. Mas muito antes dessas ações tangíveis, a pessoa começa a fazer pequenas coisas que dantes não fazia: abordar e falar com as pessoas de uma forma nova, cuidar de si, mudar as suas prioridades, alterar os seus hábitos. Quem está de fora, não vê uma mudança enorme. Observa pequenas coisas a alterarem-se com uma consistência que provavelmente nunca tinha visto até então.
Como é para o próprio percorrer o caminho?
Preparámos uma representação visual que caracteriza as diversas etapas, que está disponível no vídeo da sessão. Representa o que acontece em diferentes fases do percurso, em termos dos estados emocionais e pensamentos frequentes que lhes estão associados.
O estado inicial é o de profunda insatisfação. As pessoas compreendem que pelos padrões normais de actuação já não conseguem alterar a forma como se sentem e nada à sua volta muda. Sentem-se impotentes. Pedem ajuda.
Fase 1 – Esperança.
Quando pedem ajuda desperta a esperança. Sentem que alguém finalmente os consegue escutar, os compreende e por isso acreditam que ‘conseguem fazer isto’.
Fase 2 – A dúvida instala-se.
Passado o entusiasmo inicial inerente ao sentido de estar a fazer ‘algo por si’, vem uma fase de confusão: Há ânsia de se obterem respostas concretas ‘do que é que se vai fazer’.
A nossa experiência mostra-nos, que quando as pessoas esperam respostas rápidas, a confusão aumenta e a dúvida instala-se. Chegam expectantes de obter ajuda sobre o que podem fazer e esperam que o caminho seja a direito, facilitado e rápido. Não é. E também não se dá no plano racional. É necessário espaço para conseguir aceder às respostas. Mapear cenários nesta fase é abordar o problema pelos mesmos padrões de sempre.
Fase 3 – Não tem a certeza do que está a acontecer.
A maioria das pessoas prefere olhar em frente e não gosta de explorar o passado. Contudo, seguir em frente sem retirar as devidas aprendizagens do que já se viveu, não passa de uma fuga. Este é um passo crítico à mudança. Gera em simultâneo resistência interna, pois o que surge imediatamente para o próprio é a desilusão consigo próprio, o sentido de falha e a culpa por certas decisões tomadas. É preciso por isso, colecionar e explorar os episódios de sucesso em todas as áreas de vida para harmonizar a relação com a sua história.
A maiorias das pessoas que conhecemos fez escolhas profissionais enviesadas pelo paradigma da empregabilidade. Seguiram o princípio do “vou fazer isto porque tem saída”, sem qualquer respeito pela pessoa que são. Em muitos casos só na sua vida pessoal e nos seus hobbies, ou seja, em tudo o que não é trabalho, é que se permitem a ser autênticos. É frequente as pessoas que acompanhamos dizerem-nos: ‘eu só vivo ao fim-de-semana ou no pós-laboral’ ou ‘quando tiro cursos sobre o que me interessa’. Estas são frases que escutamos repetidamente nos processos do Acelerador Career Redesign®.
Fase 4 – Estou condenado.
Com as aprendizagens sobre a história vivida vem novamente a questão: ‘como é que a partir daqui poderei elencar novas possibilidades?’ E com esta pergunta, vem o pensamento, ‘estou condenado’, porque mais uma vez existe pressa em obter respostas.
É preciso perceber que, mais importante do que as respostas, são as perguntas. Quando deixamos de fazer as perguntas habituais (como por exemplo, “o que é que vou fazer agora?”, ou “onde é que vou arranjar outro trabalho que me pague o que ganho aqui?…”) e fazemos novas perguntas (tais como, “o que é que, me faz feliz a ponto de perder a noção do tempo?), entramos num campo anteriormente não explorado. Estamos também a desafiar os paradigmas pré-adquiridos. A mudança de paradigmas é essencial para se trilhar o percurso da realização. E essa é a primeira mudança que precisa de acontecer. A mudança interior. É mais importante do que a resposta ao “o que é que vou fazer”. Esta será mesmo a última pergunta a ser respondida.
Fase 5 – Completamente sem esperança.
A conquista da realização pressupõe a autodescoberta – perceber quem se é, quais são os seus valores, ou seja os seus princípios de auto-gestão. Geralmente com isso, vem a clareza dos motivos pelos quais a situação actual não se demonstra funcional. É nesta fase que se dá a confirmação de que a sua intuição estava certa. O caminho não era este.
Para além disso, é muito frequente descobrirmos crenças limitadoras que estão a contribuir para as tensões que a pessoa vive no seu quotidiano profissional. Por exemplo, quando acredita que não pode dar feedback à sua chefia. E isso significa que pode não haver necessidade de mudar de função, empresa ou carreira. Apenas é necessária uma mudança no mindset, e do comportamento adotado perante algumas situações. Nesta etapa, a vulnerabilidade dispara. É geralmente aqui que há quem desista do processo de mudança. É caso para se dizer que estas pessoas ‘morrem na praia’. Precisamente quando se estão a reunir as condições para emergirem com forças renovadas.
Fase 6 – Só há um caminho agora.
Os que não desistiram até aqui, seguem em frente. Até porque se olharem para trás a perspectiva seria ficar onde já estão e essa visão não é nada apelativa.
Só depois de as pessoas pararem nas suas vidas agitadas e se permitirem conhecer-se melhor é que se criam as condições para o mapeamento de novas possibilidades.
É nesta fase que convidamos à identificação de actividades que as pessoas fazem naturalmente, que alavancam energia e impactam positivamente nos outros. O exercício de levantamento de competências é deixado para o momento em que já existem cenários concretos identificados.
Nesta fase, os medos persistem, mas a coragem eleva-se. A pessoa sente que há coisas que pode controlar, outras que pode influenciar e outras que não dependem de si. Mas sente-se mais preparada para lidar com elas.
Em design, e em empreendedorismo fala-se muito em prototipar. No Career Redesign® também convidamos a prototipar. Sugerimos que se planeiem experiências. Através destas, as pessoas podem aprender de forma prática, percebem como se sentem ao realizá-las e qual o impacto noutros. Através da experimentação, conseguimos saber se a possibilidade que está a ser testada, poderá ser uma das bases a ser explorada como caminho profissional.
Fase 7 – De olhos abertos para a ‘bigger picture’.
Nesta fase de experimentação, apelam-se a novos conhecimentos, à criação de novas abordagens, a novas relações, a sair da zona de conforto para ganhar novas perspectivas. Quando as pessoas em mudança de carreira se movem para a ação nesta fase em particular, surge a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprenderam sobre si próprios. Estarão diferentes, mais confiantes e por isso os resultados alteram-se. É aí que os outros dizem ‘estás diferente!’.
Fase 8 – Esperança reconquistada.
Uma vez nesta fase, as pessoas sentem-se mais capazes. Realizam também leituras mais assertivas da sua relação com a situação actual. Dão-se validações importantes e a confiança vai-se reforçando. De tempos a tempos, a dúvida volta-se a instalar. Mas agora sente-se outra robustez para lidar com essa dúvida. A esperança é reconquistada.
Estas são as fases observadas na experiência dos nossos clientes, nas suas jornadas através do Acelerador Career Redesign®. O nosso apoio e a entreajuda do grupo são pilares vitais para o processo de transformação e evolução individual.
Assista aqui à Career Conversation integral com exemplos de pessoas que acompanhámos.
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Salientamos que são disponibilizados recursos adicionais para trabalhar e reflectir sobre a situação profissional, a quem se registe e assista em directo às sessões das Career Conversations.